Trincar um pastel de nata e perceber que não é fresco.
Eu à espera de sentir a firmeza da massa folhada, de ouvi-la desfazer-se entre os dentes, de vê-la cair em mil pedaços que caem no guardanapo e que eu, um a um, vou agarrando com as pontas dos dedos e saboreando com prazer...
Em vez disso, sinto uma massa mole, muda, denunciando que o pastel de nata é do dia anterior.
O povo português ter fama de solidário, mas ser tão pouco civilizado.
Dei por mim a pensar nisto enquanto conduzia. Uso carro todos os dias (pouco, felizmente). E conduzir é a situação em que mais sinto a falta de respeito que temos pelas normas e pelos outros.
Se somos tão preocupados com os outros, que qualquer causa solidária, ou qualquer pedido de doação de bens ou mesmo dinheiro, tem uma forte adesão, porque é no dia-a-dia, nas coisas mais simples, não conseguimos também ser civilizados e respeitar quem está tão próximo de nós?