Queixar-me?
Passei por um prédio que vai ser pintado no exterior. Tem andaimes montados e estava um senhor com uma máquina de alta pressão a lavar as paredes.
Tive que passar mesmo por baixo dos andaimes, porque era o acesso a um local onde precisava ir. Quando passei, apanhei uns pingos de água e não me preocupei. Quanto voltei, apanhei com a chuva da lavagem e com tinta velha que saltava das paredes.
Quando olhei para mim, estava todo salpicado de tinta seca branca. Sacudi a roupa e o cabelo e resolvi a situação. Mas olhei e reparei que só havia protecção numa pequena parte dos andaimes.
Fiquei a remoer naquilo. Noutros tempos tinha barafustado e tinha feito queixa a uma entidade qualquer competente. Ou tinha contactado a empresa a queixar-me.
Mas calei-me. Fiquei a pensar que ainda arranjava alguma multa ao condomínio ou à empresa de pintura. E bem sei, pela experiência do meu prédio, que não é fácil um condomínio ter dinheiro para as obras. Nem será fácil a estas empresas manterem-se a funcionar.
Também pensei que alguém me poderia depois reconhecer (porque passo ali frequentemente) e poderiam riscar-me o carro ou furar-lhe os pneus.
E não disse nada. Mas continuo a remoer no incorrecto que foi este meu silêncio.